CARTAS II – A TOURADA E O CATOLICISMO

Assunto: Defesa da Fé
Nome: Ana Maria Romualdi Fina
Religiao: Católica
Cidade: Ouro Preto
Estado: MG
Escolaridade: Superior concluído
Profissao: Tradutora e Artista Plástica

PERGUNTA:

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo
Salve Maria

Em Defesa da Fé e da Igreja Católica que tem sido substimada, atacada e perseguida de inúmeras maneiras, comunico que li na internet uma notícia que  compromete seriamente a todos nós, católicos, e que  causou-me indignação e repúdio:
\”A Igreja católica é proprietária e administradora de  arenas de touradas na Espanha; religiosos  frequentam esses espetáculos bárbaros, (inclusive participando de apostas.)\”
Perplexa e ciente de que essa Igreja prega pela Vida (o que, suponho,  inclui qualquer espécie de ser vivo), não acreditei nessa revelação, imaginando que pudesse ser mais uma manifestação de anti-Cristianismo.
É inacreditável, esta ofensa nos fere. Como poderia a Religião de Cristo permitir ou ser proprietária e administrar esse terrorismo fanático de psicopáticos  seres humanos cruéis que causam agonia, terror, dores em Animais indefesos e inocentes,e que é uma infame chaga da humanidade?!
Pelo Amor, pela Fé e Compaixão que nos une a Igreja, solicito providências que esclareçam essa abominável questão aos Católicos brasileiros.
Agradeço e despeço-me,

Fraternalmente.

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RESPOSTA:

Cara Ana Maria, Salve Maria.

A tourada nada tem de anticatólica. Pelo contrário, é arte, drama e espetáculo, uma das poucas coisas nobres que ainda restam hodiernamente da bela cavalaria católica.

A tourada revela visão correta de mundo a respeito dos animais e não deixa de ser expressão de uma mentalidade bem católica.

O mundo moderno nos impõe uma visão efeminada, evolucionista e panteísta a respeito dos animais. Haja vista, o desenho ridículo “Bambi” de Walt Disney.

Há de se abandonar estas visões de mundo sentimentais.

Os animais não tem alma racional e todos vão morrer. Deus os criou para nos servir (Gn 1,26).

A crueldade com o animal é maior nos matadouros que na arena. A arena é o local onde o animal morre de modo mais heroico em tempos de paz.

A tourada é um choque para o mundo moderno, porque ela o contradiz.

O mundo é materialista, a tourada mostra, de forma ímpar, o duelo e a vitória da alma e do espírito contra o corpo e a matéria. O toureiro representa a alma e o touro, a matéria.

O mundo é demagógico, a tourada é monárquica e aristocrática.

O mundo é covarde e fraco, a tourada ensina o heroísmo e a força.

O mundo é panteísta, a tourada ensina que o homem pode e deve dominar os animais.

O mundo quer a cultura da massa, a tourada quer a cultura do povo.[1]

Os esportes do mundo são feitos a base de trapaças e drogas, a tourada é expressão da vetusta cavalaria católica.

A estética dos esportes (futebol, basquete etc.) é limitada e estulta, a tourada detém belíssima estética (os passes, por exemplo) e permite elevadas interpretações.

É verdade que S. Pio V condenou as touradas. Porém, mais tarde Clemente VIII as permitiu e reconheceu as vantagens que elas poderiam ter para os militares (nobres)[2].

A Igreja sempre permitiu a caça (que, aliás, é outra coisa belíssima), mesmo como esporte. Então, se é lícito matar animais por esporte, a caça, pode-se matar o touro na arena.

A análise da moralidade da tourada no século XVI se cindia não pela morte dos touros, mas pela potencialidade de risco ao ser humano, que pode ser evitado com treinamento e habilidade. Naquela época, não passava pela cabeça dos pensadores o menor resquício de sentimentalismo para os animais.

Marcelo Andrade

[1]Veja este texto: http://casademanolete.org/2018/06/05/as-massas-e-o-povo-o-futebol-e-a-tourada/

[2]http://www.saber.ula.ve/bitstream/123456789/29792/1/articulo5.pdf