O touro tem um simbolismo espetacular. Nenhum animal tem esta marca.
O touro luta até o fim de suas forças e morre de pé. Mesmo na hora terminal, fita o inimigo sempre de frente.
Não conhece a covardia.
Onde um leão fugiria, o touro restaria.
Houve época que existiam as ordens de cavalaria e existiam os batalhadores de escol.
Que desconheciam, também, a pusilanimidade.
No começo do século XVI, havia o marquês de Pescara, general do Império Espanhol e havia Bayard (francês), o “cavaleiro sem mácula e sem medo”, como era conhecido por todos.
Os dois eram cavaleiros destacados por bravura.
Em 1524, na batalha de Sesia, o marquês liderava o exército espanhol e os lendários “tercios” (unidades espanholas de elite que não sabiam recuar ante o inimigo) contra os franceses.
E lá estava Bayard lutando sem medo, ao lado de seus compatriotas, quando foi ferido de morte.
Imediatamente socorrido, o que pediu primeiro não foi auxílio médico, mas que fosse virado de frente para o inimigo, pois jurou que nunca daria as costas para ele nem na hora da morte.
Isto foi feito.
E a Espanha venceu a batalha.
Sabendo da queda do cavaleiro francês, o marquês de Pescara foi ter ele e ofereceu ajuda, o que incluiu a vinda de um padre. Afinal, reconhecia os méritos do oponente.
Quando o touro morre e demonstra muita valentia, seu corpo é levado por carruagem, em desfile, ao longo da “Plaza”. A multidão aplaude a valentia do animal e reconhece o simbolismo de bravura e de força.
Por fim, marquês de Pescara ordenou que o exército espanhol, então vencedor, desfilasse na frente de Bayard e prestasse homenagem a ele.
Assim morriam os bravos cavaleiros, assim morre o valente touro na arena.
Marcelo Andrade, 22 de janeiro de 2014