NA ARENA
A vida é uma tourada real,
o touro é o século e a inglória,
parece invencível e brutal.
Mas, à Rainha do céu e da glória,
sujeito-me com toda força e amor
e suplico , emprestada, a vitória.
Pois, só possuo miséria e dor,
não tenho triunfo nem verdade.
O bem só tem um dono, é do Criador.
Na arena da vida, com humildade,
quero enfrentar o mundo e a paixão,
apesar da pecabilidade.
Com a serena e segura mão,
receber o touro com leveza,
dominando sua explosão.
Com engenho, arte e beleza ,
subjugar o erro e o sofisma,
fazer disto a minha realeza.
Valer o sacramento do crisma,
só há de vir céu ou inferno ardente,
nada conhecer sob outro prisma.
Dar passe de capa, curvo e prudente,
recusando o erro e junto do acerto,
tal como a Evangelical serpente.
Na hora do tropeço e do aperto,
ter a fortaleza de levantar
e jamais gostar do desacerto.
Para trás, não volver nem olhar,
nunca virar estátua de sal,
e o pecado e a ilusão jamais fitar.
Só sacar a espada de metal,
por justa causa, nunca por vício,
mas não guardar sem honra ao final.
Para o homem, o vero ofício,
não é gozo nem luxo a granel
é pelo Alto fazer sacrifício.
A existência é luta sem quartel,
se a vida é para a justa batalha
e se é ao único credo, fiel:
Deus nos dará segura mortalha.
Marcelo Andrade, junho de 2018